Por Marcy Bezerra, Extra do Acre.
Com o objetivo de informar e sensibilizar a sociedade acreana a partir do que os próprios adolescentes e jovens autistas pensam, sentem e vivenciam em seu cotidiano, a servidora da Universidade Federal do Acre – UFAC Rauana Batalha, coordenadora do programa Autismos: do lado de dentro do espectro realizou na noite do ultimo dia 27/10/2022 uma “roda de conversa: Autismo na Adolescência”, no Auditório Garibaldi Brasil.
Rauana Batalha, Autista e mãe de autista, e desenvolve projetos na área do Autismo na instituição, desde 2019. “Nem preciso dizer o tamanho do meu orgulho destes jovens que toparam um desafio tão grande que é falar para um Auditório cheio; agradeço imensamente a profissional Jorgenilce que topou nos auxiliar nesse desafio de mediar e esclarecer vários tópicos, minha gratidão também vai para todos os profissionais, estudantes, autistas e familiares que prestigiaram esse bate-papo”, ressaltou a servidora.
Além de Rauana Batalha, também atuou como mediadora da roda de conversa a Neuropsicóloga Jorgenilce Alves que abordaram várias temáticas, entre elas o diagnóstico, escola/faculdade, relacionamentos, hiperfoco, crises e foi possível interagir com o público presente respondendo perguntas de estudantes presentes da Universidade Federal do Acre – UFAC e faculdades particulares de Rio Branco, professores da rede pública e rede privada, psicólogos e familiares de autistas que enriqueceram a conversa com os convidados para compor a mesa João Lucas, Silva, 20 anos; Íris Moreira e Guilherme Rigo, ambos de 17 anos. Iris é de Cruzeiro do Sul e enfrentou um longo voo sozinha para participar desse dia importantíssimo.
“Muito legal, poder estar presente, falar e ser ouvida. Um evento bastante inclusivo, focado nas necessidades do Autista, da previsibilidade, um evento que não foi cansativo e me alegrou muito ver estudantes de psicologia e outras pessoas ouvindo e tirando dúvidas com a gente e eu creio que isso fará deles melhores profissionais, pois desde cedo eles já estão compreendendo que o Autista não é só uma criança, que somos diferentes, mas somos pessoas e merecemos respeito. Seria muito importante ter mais eventos como esses, e ser realizado na Universidade Federal do Acre-Campus de Cruzeiro do Sul, para podermos falar mais sobre Autismo. Estou disponível para falar sobre o Autismo, tenho sido bastante ativa nessa questão do Autismo e para mim foi importante ter sido chamada, viajado sozinha para poder espalhar as verdades e desmistificar até a visão que outras pessoas tem sobre o Autismo, porque é assim que conseguiremos acabar com o preconceito, falando abertamente sobre”, afirmou Íris.
Essa roda de conversa faz parte de um dos tantos eventos que são organizados e movimentados pelos próprios pais de autistas, os quais se tornam estudiosos do tema e até profissionais para poder proporcionar uma qualidade de vida melhor aos autistas que conhecem, são todos pais em busca de um mundo melhor, mais informado e sensível para lidar com os autistas.
A coordenadora do Programa AUTISMOS Rauana Batalha tem atuado junto com outros autistas adultos para conseguir políticas públicas para este público, como exemplo, na semana passada, a profissional esteve junto com outros autistas adultos no Ministério Público do Estado do Acre para conseguir políticas públicas, visto que, quando um jovem faz 18 anos, não tem mais diagnóstico, terapia ou qualquer outro serviço pelo SUS.
Segundo dados do CDC (Center of Deseases Control and Prevention), órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, existe hoje um caso de autismo a cada 110 pessoas. Dessa forma, estima-se que o Brasil, com seus 200 milhões de habitantes, possua cerca de 2 milhões de autistas.
Uma vez diagnosticado autista, o paciente e sua família enfrentam mais uma barreira: a busca pelo tratamento. As dificuldades residem, sobretudo, na falta de profissionais preparados para lidar com o transtorno, sobretudo na rede pública.
Em dezembro de 2012, alguns dos direitos dos autistas passaram a ser assegurados pela lei 12.764, chamada de “Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista”. Basicamente, a lei reconhece que os portadores de autismo têm os mesmos direitos que todas os outros pacientes com necessidades especiais no Brasil. Entre outros aspectos, a legislação garante que os autistas podem frequentar escolas regulares e, se necessário, solicitar acompanhamento nesses locais, mas na prática nem sempre isso funciona.
Por Marcy Bezerra, Extra do Acre.